O Pastor e o Guerrilheiro
Longa-metragem
Apresentação
"O Pastor e o Guerrilheiro" é um longa-metragem brasileiro que se passa nas décadas de 1960 - após o início da ditadura no Brasil - e 1970 e nos últimos dias de 1999, na virada do milênio.
Em 1968, o jovem comunista João deixa a universidade e vai para uma guerrilha na Amazônia. É preso, torturado e enviado para a prisão em Brasília, onde encontra Zaqueu, um cristão evangélico preso por engano. Eles sofrem juntos, superam diferenças ideológicas, se ajudam e marcam um encontro para 27 anos depois, à meia-noite, na virada do milênio, em cima da Torre de TV de Brasília.
Em 1999, um velho coronel do exército suicida-se e deixa parte de sua herança para Juliana, filha bastarda fruto de seu relacionamento com a antiga empregada da casa. Através de um livro encontrado na casa, ela descobrirá que seu falecido pai foi o torturador dos dois jovens no passado e que o encontro marcado entre os dois não ocorrerá.
Zaqueu, já velho e marcado pelo passado, vive um conflito com seu filho, que quer montar uma nova igreja com fins mais mercantilistas do que cristãos. O destino colocou Juliana na história e o encontro marcado terá um desfecho diferente do que foi combinado.
O filme é uma produção de Nilson Rodrigues (Mercado Filmes) e tem a direção do premiado José Eduardo Belmonte.
O longa-metragem têm como locações as paisagens únicas do Tocantins (que misturam os biomas do Cerrado e da Floresta Amazônica) e a cidade de Brasília.
Sinopse longa
Em 1999, próximo à virada do milênio, Fernando, um coronel do Exército octogenário e decadente, suicida-se no jardim da sua casa com um tiro na cabeça, deixando parte de sua herança para Juliana, filha jamais reconhecida, fruto de seu relacionamento com a antiga empregada doméstica da casa.
Juliana nunca teve contato com o pai e vive modestamente com sua avó, mas a herança deixada pelo militar reabre feridas entre as duas e desperta sentimentos contraditórios. Pensa em aceitar a herança do pai que nunca se interessou por ela para ajudar a avó gravemente doente e necessitada, contrariando a si mesma e ao namorado Diogo, também estudante e militante de esquerda, que se posiciona contrariamente. Ao se reunir com o advogado do falecido coronel na casa onde passou sua infância enquanto sua mãe trabalhava, Juliana passeia entre fotografias, memórias e vê muitos livros de estratégia militar e de elogios aos feitos da ditadura no Brasil. Mas um livro, “Memórias de um Guerrilheiro”, lhe chama a atenção e ela decide levar consigo. Através da leitura de Juliana é revelada a história do ex-guerrilheiro João, estudante que saiu da mesma universidade em que ela estuda para a clandestinidade em 1968, acompanhado de sua namorada Marta, para se unir a uma guerrilha no norte do Brasil.
Em um mergulho no passado, vemos que João sobreviveu à perseguição dos militares, ficou trinta dias solitário e perdido de seu grupo na selva amazônica, doente e com malária, suportando chuvas intermináveis, escapando de animais e vendo a morte de perto. Já sem forças e delirante, consegue chegar às margens do grande Rio Araguaia e desmaia numa grande praia de areia branca. Recolhido por camponeses é descoberto e preso pelos militares. Amarrado, torturado e exposto em praça pública junto ao acampamento militar montado no pequeno povoado, João é obrigado pelos militares a reconhecer os corpos de guerrilheiros mortos, incluindo o de Marta, sua companheira, antes de ser enviado para a prisão em Brasília. A imagem de Marta baleada e sem vida completa a tragédia de sua prisão e determina o fim da sua luta na guerrilha.
Impactada pela leitura, Juliana reconhece o pai em uma das fotos do livro onde aparecem os militares que que combateram a guerrilha. Seu pai, o Coronel Fernando foi responsável pela prisão e tortura de João. Descobre ainda que, na cadeia, João compartilhou a cela com outro jovem, Zaqueu, negro e cristão evangélico, preso por engano. Na cadeia, em meio a torturas, sofrimentos, desconfianças e medos, as diferenças dogmáticas do comunista e do evangélico deixam de ser determinantes e a solidariedade, a empatia e o amor se impõem na convivência entre os dois. Na noite de ano novo de 1973, depois de uma sessão de torturas, ouvindo sons de foguetes e comemorações que vem do lado de fora da cela, convencido de que Zaqueu sairá em breve da prisão, João lhe faz prometer que enviará uma carta anônima ao irmão informando seu paradeiro.
Os dois prometem sobreviver e marcam um encontro para 26 anos depois, na virada do milênio, à meia noite, em cima da torre de TV em Brasília. Zaqueu afirma que irá e estará com uma bíblia embaixo do braço para ser reconhecido. Zaqueu cumpre a promessa, envia a carta e salva a vida de João.
Em 1999, Zaqueu está com sessenta anos e é pastor evangélico na periferia de Brasília. Carrega a passagem pela prisão como um segredo do passado e está em conflito com seu filho mais velho que pretende formar uma nova igreja com objetivos mais mercantilistas e menos religiosos. Juliana conclui a leitura do livro e descobre que o encontro marcado entre o comunista e o cristão não ocorrerá. No posfácio, há uma nota do editor informando a morte do Guerrilheiro João em um acidente de carro em 1990, pouco antes da publicação da obra. O dilema da herança, a descoberta de que seu pai fora um torturador, as incompreensões do namorado, a doença da avó e às dúvidas sobre se sua concepção foi fruto de um estupro do Coronel, transformam a vida de Juliana em um turbilhão de emoções e dúvidas. Se vê como parte da história, pressionada pelo destino e pela consciência da impossibilidade do encontro entre as vítimas do pai, e decide ir atrás da história do guerrilheiro. Afinal alguém irá ao encontro marcado para representar João? Zaqueu está vivo e irá ao encontro? Em meio a fortes emoções e descobertas, decisões difíceis e muitas dúvidas, Juliana terá um papel fundamental na história que começou há trinta anos e que, de algum modo, se sente envolvida. O encontro marcado por dois homens de fé há 26 anos para a virada do milênio, um cristão e um comunista, num momento dramático na história do país e de suas vidas, não ocorrerá como o previsto. Juliana, sentindo-se herdeira desta história, irá ao encontro do já velho pastor.
País, ano, duração:
Brasil, 2022, 115'
Direção:
José Eduardo Belmonte
Produção:
Nilson Rodrigues
Produção executiva:
Caetano Curi
Roteiro:
Nilson Rodrigues, José Eduardo Belmonte, José Rezende e Josefina Trotta
Assistente de Direção:
Leonardo Teatini
Direção de fotografia:
Barvara Alvarez
Direção de arte:
Ana Paula Cardoso
Figurino:
Diana Brandão
Som direto, edição de som e mixagem:
Artur Egydio, Hudson Vasconcelos
Montagem:
Zé Pedro Gollo, Bruno Lasevicius
Trilha sonora original:
Sascha Kratzer
Elenco principal:
Johnny Massaro, Júlia Dalavia, Antônio Grassi, César Mello, William Costa, Cássia Kis, Buda Lira, Anna Hartmann e Ricardo Gelli.
Principais Prêmios e Festivais
O filme foi amplamente reconhecido em diversos festivais importantes, entre eles o 50° Festival de Cinema de Gramado, o 21st New York Latino Film Festival, a 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e o 24° Festival do Rio, entre outros. No Festival de Brasília, recebeu o troféu Câmara Legislativa, conquistando os prêmios de Melhor Filme no juri oficial. No Festival Infinitto, em Miami, recebeu os prêmios de Melhor Filme no juri oficial, Melhor Roteiro e Melhor Ator para Johnny Massaro. Também conquistou os prêmio de Melhor Filme, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia e Melhor Som no Festival Comunicurtas.
Elenco
O elenco conta com a nova geração do cinema nacional (Johnny Massaro, Júlia Dalavia, César Mello, Ana Hartmann, William Costa) e consagrados atores e atrizes das telas e do teatro (Cássia Kis, Antônio Grassi, Sérgio Mamberti, Buda Lira, Ricardo Gelli).
JOHNNY MASSARO
"O FILME DA MINHA VIDA" de Selton Melo (Durban International Film Festival)
ANTONIO GRASSI
"CARANDIRU" de Hector Babenco (Cannes Film Festival, Havana Film Festival)
CÁSSIA KIS
"A GRANDE ARTE" de Walter Salles e "BICHO DE SETE CABEÇAS" de Laís Bodansky
(Locarno Festival and Trieste Festival)
ANNA HARTMANN
"O HOMEM DA CABEÇA LARANJA" de Elvis Delbagno
JULIA DALAVIA
"ATÉ QUE A SORTE NOS SEPARE", trilogia de Roberto Santucci
CÉSAR MELLO
Novelas "VIVER A VIDA" (2009/2010) e "LADO A LADO" (2012)
BUDA LIRA
"AQUARIUS" e "BACURAU" de Kleber Mendonça Filho
(Cannes Film Festival)
RICARDO GELLI
"10 SEGUNDOS PARA VENCER" de José Alvarenga Júnior